Equipe atende 80 pessoas por mês, entre catadores de materiais recicláveis e pessoas em situação de rua de Trindade. Maioria expressiva é de homens, entre 30 a mais de 50 anos, oriundos do próprio município. Com médica, enfermeira, técnico de enfermagem, assistente social e psicóloga, equipe afere pressão, mede a glicemia, troca curativos, faz ou atualiza o prontuário do paciente, ouve e dá remédios prescritos. Consultório na Rua da Prefeitura de Trindade existe há dois anos e é ligado à Secretaria Municipal de Saúde

Nesta terça-feira (18/10), os destinos do catador de material reciclável Edson Pereira dos Santos, e da médica Aniele Neves de Siqueira, se cruzaram de uma forma mais especial que nos outros encontros. O aniversário de 57 anos dele coincidiu com o Dia do Médico, celebrado por ela em meio aos sacos de material coletado nas ruas pelas 42 famílias da Associação de Reciclagem do Setor Santa Fé, como a família de Edson.

Ele é uma das 80 pessoas atendidas mensalmente pelo Consultório na Rua, uma equipe da Prefeitura de Trindade lotada na Secretaria Municipal de Saúde. Desde 2020, os profissionais atendem pessoas que trabalham na rua, como os catadores de recicláveis, e especialmente pessoas que estão em situação de rua.

Pelas esquinas, muitas vezes ao relento, outras sob marquises de locais nem sempre salubres, a equipe acolhe, afere pressão, mede a glicemia, troca curativos, faz ou atualiza o prontuário do paciente e dá remédios prescritos conforme a necessidade.

Os profissionais do grupo também aconselham os que moram na rua a procurarem os órgãos municipais que podem prestar orientação, como os Centros de Referência em Assistência Social (Cras) e o Centro de Referência Especializada em Assistência Social (Creas), geralmente com o intuito de que deixem a situação de risco.

Além da médica, que é clínica geral, o grupo é multiprofissional, formado pelo técnico em enfermagem Clayton Roger Alexandre Pena, a psicóloga Hamanda Borges Teixeira, pela assistente social Ariane Souza de Oliveira, e pela enfermeira Alessandra Santos Parreira, que é a coordenadora do Consultório na Rua de Trindade.

A doença mais grave, destaca a coordenadora, é a hanseníase, ainda recorrente entre os atendidos que moram nas ruas do município. Hipertensão e diabetes são outras bastante tratadas pelo Consultório na Rua.

Maria Aparecida da Vitória Viana, 53 anos, catadora de recicláveis como o marido Edson Pereira, por exemplo, tem controlado a glicemia graças às visitas da equipe na associação. “Dessa forma não preciso deslocar, porque deixar o serviço aqui nem sempre é possível”, destaca a trabalhadora.

“Todo o atendimento prestado em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) é também prestado pelo Consultório na Rua”, destaca a coordenadora Alessandra. Exames são viabilizados através do grupo desde a coleta até o resultado.

Alguns integrantes da equipe, inclusive, se voluntariam e, nos fins de semana, atendem casos que necessitem de uma atenção de urgência, como um cadeirante que precisava hoje de remédios anticoagulantes e para hipertensão.

O carinho do grupo se estende a um aspecto que para muitas pessoas passaria despercebido, mas que ajuda a dar conforto e consolo, especialmente para quem vive nas ruas: dar notícias de uns para os outros.

Nesta terça, por exemplo, um dos pacientes mais antigos, estava exaltado porque havia rumores que sua companheira havia morrido, mas a equipe localizou a mulher e rapidamente solicitou que ele fosse comunicado a respeito.

   

Os integrantes do grupo enfatizam que os moradores de rua identificados e atendidos são em sua maioria expressiva homens, entre 30 a mais de 50 anos, e oriundos do próprio município. O perfil indica que são pessoas que alegam dificuldades para conviver com familiares por serem usuários de álcool e drogas ou que não são aceitos por padecerem de algum distúrbio mental.

O programa de Trindade replica o Programa Consultório na Rua do Ministério da Saúde,  conforme a realidade da demanda local.